Quem
foram Sócrates e Platão? O que se sabe a respeito deles e suas filosofias?
Sócrates
e Platão foram pensadores gregos cujos trabalhos buscavam a superação do
pensamento mítico a fim de se aproximar da verdade. As informações que temos
sobre a vida de Sócrates são diversas, porém insuficientes. Seus discípulos
Xenofonte e Platão, assim como outros filósofos, nos falam de Sócrates cada um
o representando à sua maneira, mas nenhum dos retratos tem grande probabilidade
de ser rigorosamente verídico.
É historicamente aceito que existiu um
Sócrates nascido em Atenas em 470 a.C., filho de uma parteira chamada Fenareta
e um provável escultor chamado Sofronisco. Teria vivido toda a vida na pobreza,
embora nunca tenha sido escravo; nunca saiu de Atenas e teve três filhos com
uma mulher chamada Xantipa. Talvez por ter tido pensamentos bastantes críticos
sobre muitos aspectos da sociedade grega, não foi bem aceito pela aristocracia.
Trabalhando sob os pórticos e praças públicas de Atenas, movido pelo amor à
verdade, foi encarado como inimigo público e agitador em potencial pela elite
mais conservadora. Acabou preso e condenado por tentar introduzir novas
divindades na cidade e corromper a juventude, tendo como sentença a morte por
envenenamento com cicuta aos 70 anos.
Embora tenha fundado o que conhecemos
como filosofia ocidental, Sócrates não deixou seus ensinamentos por escrito, de
modo que os registros de seus discípulos é que nos dão a ideia de como ele nos
retomou a máxima de Apolo de Delfos, “conhece-te a ti mesmo”, e aprofundou-a em
todos os sentidos. O ambiente filosófico em que surgiu o pensamento socrático
se encontrava dividido em dois: de um lado os metafísicos, convencidos pelo
valor de suas teorias nos campos da matemática, física e astronomia; do outro
os sofistas, propagadores única e exclusivamente da retórica, buscando
interesses particulares e negando o poder do espírito humano. Sócrates
protestou contra os dois segmentos, em especial o pensamento sofista, uma vez
que defendia interesses que fossem comuns a todos, e colocou a reflexão
filosófica na via da verdade que parecia abandonada. Seus primeiros estudos
foram sobre a essência da natureza e alma humana, ainda que tenha evitado uma
definição do próprio ser humano: reconhece que o ser humano não pode ser
definido em termos de propriedades objetivas, só em termos de consciência.
Sócrates foi o fundador da Moral como
ciência racional. Contribuiu para a teoria do conhecimento com o uso do
raciocínio indutivo, centrando sua procura pela verdade no ponto de vista do
ser. Aos seus olhos, todo espírito humano tem em si noções necessárias ao esclarecimento
dos conceitos morais, porém é preciso um auxílio para o espírito dominar tais
noções em benefício próprio e alheio. Como observava que o homem julga conhecer
a verdade e por isso não a procura, seu método indutivo propõe dois momentos: o
momento irônico, que seria a “fase destrutiva” em que sucessivas perguntas
sobre um tema são feitas ao interlocutor para força-lo a argumentar sobre seu
ponto de vista até que admita sua ignorância e desconstrua o senso comum; e a
maiêutica, ou o “parto de espírito”, em que é proposta a construção de novos
conceitos baseados em argumentos racionais.
Assim como Sócrates, Platão criticou o
pensamento sofista com base na ideia de que o uso do discurso é dialético e há
um sentido por trás de tudo o que é dito. Parte de seu trabalho busca traçar os
caminhos para que se encontre esse sentido, a verdade despida de ilusões.
Platão
nasceu também em Atenas, no ano de 427 a.C, filho de família aristocrática, e
começou seus trabalhos filosóficos após ter contato com Sócrates, de quem, como
já dito, passou a ser discípulo. No ano de 387 a.C. fundou uma escola de
filosofia com o objetivo de recuperar e desenvolver o pensamento socrático,
além de ter também ensinado filosofia na corte. Entre ideias defendidas por
ele, afirmava que a educação para mulheres deveria ser a mesma aplicada aos
homens. Como bom discípulo de Sócrates, Platão valorizava o debate e a
conversação como formas de alcançar o conhecimento.
Uma
das contribuições de sua filosofia na busca pela verdade foi uma distinção
entre o mundo sensível e o mundo inteligível, ou das ideias. O mundo sensível
seria o que é acessível aos sentidos, sendo assim o mundo da multiplicidade e
do movimento, ou seja: ilusório, o mundo da opinião, que é como uma sombra, uma
cópia do verdadeiro mundo. Esse verdadeiro mundo é o que ele propõe como mundo
ideal: o mundo dos seres verdadeiros e únicos, idênticos a si mesmos e
permanentes, ou seja, o mundo da ciência. Para Platão, o espírito humano se
eleva do mundo sensível para o mundo ideal por meio de um movimento dialético
para se chegar à verdade.
Sócrates
e Platão, sendo assim, disseminaram pensamentos articulados entre si que ajudaram
a moldar o pensamento científico ocidental e se desdobraram em contribuições
para as diversas áreas da ciência moderna.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria
Helena Pires. Temas de Filosofia. 2ª
ed. São Paulo: Moderna, 1998.
CRESSON, André. A Filosofia Antiga. 2ª ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,
1960.
TRUC, Gonzague. História da Filosofia. Rio de Janeiro: Globo, 1968.
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