sexta-feira, 12 de junho de 2015

MARIA MONTESSORI

MARIA MONTESSORI


História

Maria Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870. Formou-se em Ciências Contábeis e após grande relutância, se matriculou na faculdade de Medicina. Foi a primeira mulher diplomada nesse curso, na Itália.
Depois de concluir sua formação em Medicina, em 1896, é nomeada assistente na Clínica Psiquiátrica da Universidade de Roma, dedicando-se ao tratamento de crianças deficientes. E em 1898, num congresso pedagógico, em Turim, Montessori ressalta a importância dos cuidados a serem dispensados a crianças deficientes, que até então eram julgadas como fora da lei.
Após o congresso pedagógico de Turim, Maria Montessori é encarregada, pelo então Ministro da Instrução Pública, Guido Baccelli, a organizar um curso para mestres em Roma, sobre métodos de educação para crianças deficientes.
Em virtude das experiências vividas na Case dei Bambine, em Roma, Maria Montessori passa a ser conhecida por sua admirável obra pedagógica e atividades científicas.


Relações entre as ideias de Montessori e Rousseau

Pertencendo Maria Montessori à corrente do liberalismo pedagógico, há uma relação entre as suas ideias e as de Rousseau, que pode ser considerado o precursor do seu sistema de educação.
Podemos destacar entre as coincidências de suas posições a crença na educação e na ação destrutiva que o adulto, em virtude, de sua superproteção, pode desencadear sobre a criança.
Entretanto, as diferenças são muito mais numerosas e profundas. Primeiramente toda a elaboração pedagógica de Rousseau nasce de suas concepções filosóficas, enquanto em Montessori nascem de suas constatações e experiências. A segunda diferença é que para Rousseau a sociedade corrompe o homem, portanto, o ideal seria sua volta ao estado pré-social, enquanto Montessori aspira por uma sociedade melhor que acolha o homem para o seu aperfeiçoamento.
Liga-se também, o sistema de Montessori, ao grande pedagogo Pestalozzi. Maria Montessori admitia haver relação entre o seu sistema e o do mestre.


A consciência para Montessori
Para Montessori o indivíduo é essencialmente em ser dotado de consciência, nesse sentido a consciência nada tem haver com a conotação moral de cumprir deveres, tendo uma abrangência profundamente significativa. Assim, a consciência trata-se da capacidade de perceber e responder aos apelos do real, esse real significa tudo que existe como natureza criada: mundo físico, vegetal, mineral, animal, si próprio, o outro e Deus. Segundo MACHADO, 1986, p. 25:
O grande amor dos adultos, pais ou educadores, deverá se alimentar no desejo e no esforço de melhor e mais profundamente conhecer a natureza, o processo de desenvolvimento da criança, pois com esse conhecimento minucioso poderá nascer um relacionamento adequado que, afastando todo obstáculo, permitirá àquele ser de realizar tudo o que tem como potencial latente, autoconstruindo-se equilibradamente, em relação consigo mesmo, com as coisas, com os outros e com Deus.

         Esse real se caracteriza pelo poder de auto crescimento ou auto realização, sendo destinado a evoluir para uma maturidade ou plenitude. Através da consciência o homem pelo amor compreende os apelos de crescimento em si mesmo e em tudo que o cerca e pelo mesmo amor pode dar resposta a esses apelos. Dessa forma, o homem se faz um ser capaz através do amor de crescer e favorecer o crescimento do universo, a partir do seu círculo mais próximo de convívio.



O desenvolvimento psicológico da criança segundo a pedagogia de montessoriana

A pedagogia montessoriana pauta-se no desenvolvimento psicológico da criança, levando em consideração as manifestações do seu comportamento, desde o seu nascimento. Para Montessori, o homem é um ser dotado de vida psíquica que o torna um embrião espiritual. Nesse sentido, necessita de cuidados que venham a favorecer seu desenvolvimento, tanto espiritual quanto psíquico e físico. Além disso, Montessori afirma que o processo de desenvolvimento do homem se subdivide em estágios denominados “períodos sensíveis”, instituindo etapas de crescimento que se caracterizam sensível à aquisição de determinadas habilidades ou formas de comportamento.
Assim, do nascimento aos seis anos passa pela etapa da mente absorvente, tratando-se da capacidade de absorção da cultura, através da vida afetiva, motora, mental e sensorial. Em seguida, de zero aos três anos constitui-se o estágio da mente absorvente inconsciente, sendo o período intelectual criativo, encarnando em si todas as impressões que o ambiente lhe oferta, com costumes/hábitos do lugar em que reside. Além disso, nessa fase, se a criança tiver um estímulo e for auxiliada de forma correta, desenvolverá suas potencialidades pessoais. Em seguida, dos três aos seis anos, se dá o estágio da mente absorvente consciente, nesse período a criança sente necessidade de manipular materiais específicos para desenvolver sua atenção, observação, motricidade, linguagem, percepções sensoriais, relações matemáticas e ciências naturais. Sendo o momento de propor à criança jogos relacionados à classificação, comparação, associação etc. É o período de construção psíquica e moral, no qual se intensificam as relações sociais e o discernimento de atitudes desejáveis. Bem como, desenvolve a sensibilidade para ordenar as impressões que durante o período anterior registrou. Por fim, tem-se o período dos seis aos doze anos, se instituindo como um momento marcado por estabilidade, o qual se dá a imaginação reprodutiva, com grande capacidade para a atividade mental, revelando a sensibilidade para a cultura. É o período em que a cultura se encarna e se dá a construção da personalidade, também marcado por um uma forte tendência a atividades coletivas, ou seja, se constituindo como uma fase altamente social.


Materiais sensoriais

A Educação Sensorial favorece o desenvolvimento do ser humano e o crescimento do seu potencial, dos dois aos cinco anos a criança é um se sensível a tamanho, cor, cheiro, etc., e é a partir de percepções sensoriais do ambiente exterior que a criança aprimora suas capacidades de observação e discriminação. Pois toda aprendizagem parte de uma experiência concreta e é programada para compreender as ideias abstratas. Exercitando a inteligência por meio de atividades mais simples para atividades mais complexas posteriormente. Dando assim a criança uma sensação de autoconfiança, criatividade, concentração etc.
O material sensorial deve respeitar a finalidade para qual foi desenvolvido e a idade da criança a qual é destinada. Conforme o sentido, os materiais sensoriais são apresentados para o senso tátil, o senso térmico, o senso bárico, o senso estereognóstico, o senso auditivo e o senso cromático. E é por meio da “Lição de três tempos” que utiliza-se materiais aplicáveis a qualquer tipo de exercício.
No primeiro tempo a professora apresenta, com poucas palavras, o objeto de percepção qualitativa ou quantitativa, pronunciando os nomes e os adjetivos, com máxima precisão.
No segundo tempo a professora certifica-se se a criança associou o nome ou o adjetivo às percepções, sempre depois de alguns instantes de silêncio, após o primeiro tempo. A criança indicará com o dedo e a professora constatará se houve acerto Às perguntas.
Já no terceiro tempo, a criança deverá lembrar o nome correspondente à percepção, é ainda o momento de verificar-se o resultado das lições anteriores.




O ambiente na perspectiva montessoriana

O ambiente no método Montessori é tão importante que é considerado o centro de toda construção pedagógica. Pois a sensibilidade interna da criança, faz com que a criança aproprie-se das imagens do ambiente, e com o tempo passe a captar essas imagens por intermédio dos sentidos. E com isso o raciocínio vai se construindo com o tempo de acordo com as imagens que vai buscar por meio das imagens contidas no ambiente.
O local deve dispor de espaço físico o suficiente para que a criança desenvolva suas atividades espontâneas, sem obstáculos. A luminosidade deve ser fraca, já que o uso de luzes fortes provoca dissipação, por isso as cortinas são sempre bem-vindas e as janelas devem ser na altura das crianças para que elas possam manusear as fechaduras.
Todas as coisas existentes no ambiente são de uso único da criança e com finalidade definida. Contendo apenas um exemplar de cada objeto e cada um em seu espaço especifico para que dessa forma ela saiba dar valor ao objeto e saiba esperar sua vez de utilizá-lo. Os objetos estragados são retirados e só voltam ao ambiente depois de concertados, pois cada um tem sua função e pelo poder de atração que possuem ajudam o individuo a agir sozinho. O material deve ser utilizado com precisão e criatividade e com cuidado para conservação de tal.
Para Montessori os móveis devem ser na dimensão adequada, agradável e convidativa, permitindo a atividade espontânea da criança, proporcionando sentimento de segurança e familiaridade com o ambiente.
A decoração do ambiente é realizada pela criança, na disposição dos objetos, coloração das paredes e imagens que transmitam mensagens. Essas qualidades do ambiente transmitem o silêncio que nasce naturalmente. O ambiente é educativo por suas qualidades psicológicas, afetivas e a relação entre professor aluno e os alunos entre si.
 A criança dispõe de liberdade, pois sem ela o aprendizado não se desenvolverá. Não significando abandono, pois o educador irá montar um espaço composto por tudo que irá auxiliar no crescimento e afastando tudo que for prejudicial.
Educação para a fé
O amor, segundo Montessori, é o maior dom que a criança traz consigo. Uma característica inata concebida por Deus e manifestada através da “mente absorvente”, capaz de torná-las “adequadas”, ou melhor, comportadas à maneira de ser dos outros e adaptar-se a eles. Assim, na visão de Maria Montessori, a educação da fé é, em linhas gerais, a educação para o crescimento no amor aos seres criados, a si mesmo, aos outros e ao Deus criador.
Sentindo e admirando a vida, sob as mais variadas formas, é o meio pelo qual a criança, ainda no primeiro período de desenvolvimento, faz brotar a sensibilidade para o amor. Já no segundo período, dos seis aos doze anos, é através de parábolas que a criança terá a dimensão afetiva contida na relação entre os homens e Deus, o criador, segundo Montessori. E, por fim, no terceiro período, que vai dos doze aos quinze anos, “Cristo ainda é figura central da educação da fé” (p. 75).
Embora a educação para fé pensada por Maria Montessori não tenha um caráter formal, percebe-se, no seu pensamento, a ordem metodológica elaborada com a qual ela desenvolve seu pensamento.  

Referências:

MACHADO, Izaltina de Lourdes. Educação Montessori: de um homem novo para um mundo novo. Front Cover. Pioneira, 1986.

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