COMENIUS – A ARTE DE
ENSINAR A TODOS
ALESSANDRA SILVEIRA, CARMEN DALYANN, CLÁUDIO EDUARDO, JANAÍNA PETRÓVNA, KAREN MICHELLE, MARIA CATIANY FERNANDA KAROLINE
Fique estabelecido, pois, que a todos os
que nasceram homens a educação é necessária,
para que sejam homens e não animais ferozes,
não animais brutos, não paus inúteis.
Segue-se que alguém só estará
acima dos outros se for
mais preparado que os outros”.
Não é à toa que Comenius é
considerado o pai da Didática Moderna. Em pleno século XVII ele já pensava na
educação do homem como um ser integral, Suas teorias colocavam o homem, não
como expectador, e sim como protagonista no mundo.
Todos os ideais de Educação hoje se norteiam na sua principal idéia:
Educação para todos e Educação de boa qualidade. Até no discurso de posse da
presidenta Dilma no segundo mandato lançando
o lema Brasil – Pátria Educadora: “Só a educação liberta um
povo e lhe abre as portas de um futuro próspero. Democratizar o conhecimento
significa universalizar o acesso a um ensino de qualidade em todos os níveis –
da creche à pós-graduação; para todos os segmentos da população – dos mais
marginalizados, os negros, as mulheres e todos os brasileiros.” ecoa o discurso
de Comenius de quatro séculos antes, e isso nos faz entender a importância de
resgatar os estudos, deste que foi, segundo alguns estudiosos, o profeta da
escola democrática (Covello, 1991:86)
Até hoje buscamos respostas para o questionamento de
Comenius: Quando o aluno sairá da
escolha com uma instrução sólida e não apenas com um verniz superficial?
Vida e Obra - Joan
Amos Comenius (1592 – 1670)
Nascido em
Nivnice, localizada na Europa Central, região da antiga Tcheco-Eslováquia.
Comenius era filho de cristãos adeptos dos irmãos morávios. Os irmãos Morávios
formavam uma seita que pregava rígida conduta e disciplina, leitura das
sagradas Escrituras, vida austera e piedade para com o próximo.
Aos 12 anos,
fica órfão, perde, ainda, suas duas irmãs, e passa a ser criado por uma tia e
por tutores da Irmandade. A escola da época adotava a “pedagogia da
palmatória”. A rigidez da sua educação foi alimentando o desejo de transformar a
educação.
Quando
concluiu os estudos básicos, mudou-se para Alemanha para cursar Teologia. Ainda
como aluno, destacou-se e apresentou duas teses de doutorado. Conquista os
professores e molda o seu caráter reformador.
Volta para
cidade natal, ansioso para colocar em prática tudo o que aprendeu, tornando-se
professor. Aos 24 anos, forma-se pastor. A religião sempre esteve presente na
sua vida e nas suas obras.
Mais uma
tragédia marca a sua vida. A Guerra dos 30 anos, católicos contra protestantes
que se iniciou na Alemanha e estende-se pela Europa devasta a sua cidade, suas
propriedades, destrói seus manuscritos. Em consequência do conflito, perde
ainda, sua esposa e filhos.
Em 1626,
casa-se novamente e influenciado pelas idéias de Elias Bodin, ajuda o sogro a
desenvolver um plano didático.
Em 1627, o
catolicismo passa a ser religião oficial e quem não se convertesse deveria
deixar o país. Iniciou o seu longo exílio na Polônia. Lá, retoma suas
atividades como professor, interessa-se pelo ensino de línguas e desenvolver
suas teorias. Passa quatro anos, compondo a Didáktica Ceska.
Em 1632,
retorna à pátria com a missão de orientar os estudos de jovens teólogos no
exterior.
A essa
altura, Comenius submete suas teorias à leitura de várias pessoas e após duras
críticas deixa-as de lado. Após, 20 anos, com o incentivo de alguns estudiosos
publica a Didática Magna, sem revisões, praticamente igual ao manuscrito
original.
A Didática
Magna foi descrita por Comenius como sendo a Didática da Vida, a arte universal
de ensinar tudo a todos.
“O que somos, fazemos, pensamos, dizemos, inventamos,
conhecemos, possuímos é como uma escada com a qual, subindo sempre mais,
alcançamos degraus mais altos, mas nunca chegamos ao topo”.
ACERVO
Segundo historiadores, Comenius
escreveu mais de 250 obras que versam sobre política, sociologia, pedagogia,
filosofia e teologia, traduzidos em vários idiomas.
Dentre as
obras mais famosas, destacaremos: O Labirinto do Mundo (1623), Didactica
checa (1627), Guia da Escola Materna (1630), Porta Aberta das Línguas (1631),
Didacta Magna (versão latina da Didactica checa) (1631), Novíssimo Método das
Línguas (1647), O Mundo Ilustrado (1651), Opera didactica omnia ab anno 1627 ad
1657 (1657), Consulta Universal Sobre o Melhoramento dos Négocios Humanos
(1657), O Anjo da Paz (1667) e A Única Coisa Necessária (1668) entre outros.
CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS
Naquela época,
ensinar a todos, independente de sexo, classe social, religião, era totalmente
reformador, visto que, poucos privilegiados, homens de classe abastada, tinham
acesso à educação.
Em contraposição aos métodos tradicionais de educação, Comenius, pregava
a necessidade da interdisciplinaridade, da afetividade do educador e de um
ambiente escolar com espaços livres.
Comenius também discordou de Descartes e afirmou que devemos aprender com
a natureza e nunca subjugá-la.
Seu método didático constituiu-se basicamente de três elementos: compreensão,
retenção e práticas. Através delas se pode chegar a três qualidades
fundamentais: erudição, virtude e religião, a quais correspondem três
faculdades que é preciso adquirir: intelecto, vontade e memória.
“Entendo
por INSTRUÇÃO todo conhecimento das coisas, das artes e das línguas; por
COSTUMES, não só a correção do comportamento
externo, mas o equilíbrio interno e
externo dos movimentos da alma; por RELIGIÃO, a interna veneração com que o
espírito humano se liga e se vincula à divindade suprema”. (Comenius)
O fundamento do
método proposto por ele consistia no princípio de que, por natureza, o homem
está disposto a aprender todas as coisas e o desejo de saber é inato. Porém
apesar da predisposição natural para aprender. Nada é aprendido ao acaso, exige
método, experimentação e comprovação. Não existe raciocínio fragmentado. Daí a
Didática Magna, ser a arte de ensinar tudo a todos.
O método de Comenius
A educação
para Comenius tem uma base filosófica
que denominou “pansofia”, a procura de um princípio básico que harmonizasse
todo o saber. Baseado nisso, alguns dos fundamentos de Comenius era que de tudo
o que se aprende é necessário encontrar logo a utilidade e, ainda, que deve-se
se estimular a compreensão e só depois a memorização do que for realmente
importante, tendo o cuidado de atentar para a idade dos alunos e de ir sempre
de um conteúdo mais fácil para um mais difícil
Que a proa e popa da nossa didática sejam: buscar e
encontrar um método para que os docentes ensinem menos e os discentes aprendam
mais; que nas escolas haja menos conversa, menos enfado e trabalhos inúteis,
mais tempo livre, mais alegria e mais proveito, que na república cristã haja
menos trevas, menos confusão, menos dissensões, mais luz, mais ordem, mais paz
e tranqüilidade”. (Op. cit.,1997:11-12).
Enfim, tudo o
que é amplamente discutido ainda hoje já estava sendo pensado há séculos atrás,
abstraindo a passagem cronológica do tempo, os novos contextos sociais,
políticos e econômicos, nos resta o fato de que ainda não colocamos o trem nos
trilhos.
Referências
COMENIUS, Jan Amós. Didática
Magna. 2.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002
PARO, Vitor Henrique. Administração
Escolar á Luz dos Clássicos da Pedagogia. São Paulo: Xamã, 2011
http://ibict.metodista.br/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo
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